“La Biblia se vuelve más y más bella en la medida en que uno la comprende.”

GOETHE
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Scalabrini

1.º DE JUNHO DE 2005

27 de enero de 2020

Homilia proferida pelo Pe. Nivaldo Feliciano Silva, Reitor do Seminário da Comunidade Teológica Internacional João XXIII, no dia 1º de junho de 2005, por ocasião da celebração eucarística em louvor do Bem-aventurado João Batista Scalabrini, realizada na Igreja São João Batista do Ipiranga, São Paulo, SP. Durante a celebração os religiosos estudantes da comunidade do Seminário Maior João XXIII fizeram a renovação dos votos de pobreza, castidade e obediência.

CENTENÁRIO DA PASSAGEM DEFINITIVA PARA A VIDA PLENA DO BEM
AVENTURADO JOÃO BATISTA SCALABRINI,
PAI E APÓSTOLO DOS MIGRANTES

O ACONTECIMENTO, O SIGNIFICADO, A EXTENSÃO E ATUALIZAÇÃO NO HOJE DA MISSÃO JUNTO AOS MIGRANTES.

No dia primeiro de junho de 1905, o Bem-aventurado Scalabrini, Pai e Apóstolo dos Migrantes, concluiu a sua vida terrena e entrou definitivamente na casa do Pai, para juntar-se à multidão dos bem-aventurados que tomam parte nas núpcias do Cordeiro (cf. Ap 7,1ss), como homem devoto sem medida e, sem medida, livre. Portador de uma grande sensibilidade apostólica, Scalabrini não mediu esforços para ir ao encontro daqueles que partiam em busca de uma terra onde lhes fosse possível ganhar o pão. Preocupado com o bem-estar social e religioso do seu povo, Scalabrini suscitou o surgimento dos institutos missionários e da associação de leigos que colaborassem na atenção religiosa e social dos imigrantes e trabalhadores. Além disso, ele mesmo buscou marcar presença nos lugares mais distantes em que se encontravam seus fiéis, espalhados pelo território de sua diocese e nos países de acolhida dos novos habitantes que vinham para “construir a América”.

Observando a história, e buscando interpretar a intuição missionária e as ações do bispo Scalabrini, percebemos a figura de um grande pastor e guia, homem do tempo e homem dos homens. Homem devotado à Igreja peregrina com os peregrinos, de fato, ele assim se expressou: Onde está o povo, que sofre e trabalha, aí deve está a Igreja. Sua vida foi uma demonstração de amor a Deus e ao próximo, especialmente ao migrante pobre e abandonado pela sociedade. Por isso, podemos dizer que, a exemplo do piedoso e justo Simeão que esperava a consolação de Israel, e ao encontrar –se com Jesus no templo disse: Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixa teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua promessa, que preparaste diante de todos os povos, luz para iluminar as nações (Lc 2,29-32),- também Scalabrini partiu em paz rumo à pátria celeste, deixando para os seus missionários e missionárias a missão de serem, no mundo das migrações, uma extensão do seu amor e da sua dedicação em favor de todos os migrantes.

A festa de hoje deve ser, para todos nós, a celebração de um novo kairós para a família escalabriniano, um gesto de ação de graças e renovação do compromisso missionário de ser sal e luz no mundo das migrações, diante de uma sociedade que procura globalizar o mercado de consumo e a exploração da mão de obra, mas impõe limite de fronteira àqueles que querem trabalhar e viver dignamente fora dos espaços nacionais. Nesse sentido, o Superior Geral, Pe. Isaía Birollo nos convida a entrar no coração de Scalabrini, para descobrir o segredo de sua imensa capacidade de amar e de servir, do seu otimismo e da sua sabedoria, como homens e mulheres de fé, pessoas comprometidas com o anúncio e o testemunho do evangelho da justiça, da solidariedade e da paz.

A liturgia de hoje nos convida a sermos obedientes à voz de Deus, dispostos a partir em missão, e atentos aos sinais dos tempos, especialmente aqueles sinais que causam a migração forçada em todas as partes do mundo, sem descuidarmos aqueles que vivem situações similares dentro dos limites dos territórios nacionais. O espírito litúrgico dessa festa nos propõe o cultivo e a vivência da mística e da espiritualidade da tenda (cf. Primeira Leitura – Hb 11,8-10.13-16), tendo como pátria o mundo e como morada a comunidade na diversidade dos irmãos.

Essa realidade místico-espiritual é dinâmica, ou seja, exige do missionário escalabriniano a capacidade de sonhar em comunidade, de aprender continuamente a conviver com o diferente, amando-o, respeitando-o, integrando-o no novo ambiente, indo além da simples tolerância; o missionário é, também, desafiado a assumir em primeira pessoa a dinâmica profética do evangelho da compaixão, e pagar do próprio bolso os proventos necessários para curar as feridas do migrante (cf. Evangelho – Lc. 10,37ss), que se encontra excluído do meio social, longe da terra-mãe, da família, dos parentes, dos amigos, impedido de participar nas decisões políticas que, na maioria das vezes, os deixa mais vulneráveis e indefesos perante a estrutura social.

Apaixonados e identificados com o evangelho da compaixão, o missionário escalabriniano deve se colocar de corpo e alma no seguimento a Cristo Peregrino, no mundo da mobilidade humana, especialmente lá onde a ação pastoral da Igreja em favor dos migrantes se encontra numa incipiente fase de implantação. O missionário deve ser, sobretudo, o artista da re-elaboração, da re-leitura, da revitalização, do re-encantamento do carisma da congregação, em sintonia com as exigências próprias da realidade de cada pessoa ou grupos humanos, que se encontra em situação de deslocamento natural ou forçado.

Conscientes dessa desafiadora e apaixonante realidade eclesial, congregacional e missionária alegremo-nos com os nossos coirmãos Alisson e Nodiel que hoje renovam os votos religiosos de pobreza, castidade e obediência para continuarem fazendo de suas vidas uma oferenda a Deus Pai, buscando ver Jesus Cristo no rosto dos migrantes. Em família, elevemos a Deus Pai nossa oração de ação de graças e, também, nossas suplicas em favor desses nossos irmãos, para que sejam, de fato, um sinal-presença do Cristo Peregrino entre os peregrinos. Amém.

Fuente/Autor: Pe. Nivaldo Feliciano Silva, CS

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